Cap. 42
Ainda recuperando o fôlego e debilitado após seu último encontro com o xerife Wayne, Dimitri tenta se recompor perante seus aliados e demonstrar que continua no controle.
Ninguém se manifesta diretamente, mas são nítidos os olhares inquisitivos que passam por suas roupas ensanguentadas e mãos enroladas em pedaços arrancados de sua camisa até chegarem em seu rosto pálido, sujo e suado.
Ao mesmo tempo, no outro lado da tenda, Singh lambe as mãos ao terminar sua diversão, voltando a atenção ao aroma diferente que havia notado antes. Um cheiro que não é de nenhum dos prisioneiros nem de seus aliados. Um cheiro bom, que vem do cesto em que seu irmão Kabir faz o número com as espadas.
— Dimitri! – grita ele ao lado do cesto. — Parece que encontrei mais alguém por aqui.
— Augustus? – pergunta, ansioso, o russo.
— Não. – responde Singh enquanto saboreia o ar. — Cheira bem demais para ser ele. O que devo fazer?
— Deixe-a ir – diz Augustus, do alto de uma pilha de caixas de madeira. — Deixem todos partirem. É a mim que vocês querem. Estou aqui. Deixem os outros irem embora.
— Senhor Augustus, - sorri o russo - mas que surpresa!
Augustus sorri de volta: — Não, meu caro, surpresa você terá agora.
O próprio tempo parece segurar a respiração à espera da tal surpresa.
Todos olham para Augustus, depois para Dimitri, e nada acontece. Dentro do cesto, Mingmei sussurra para si mesma: “burro”.
O silêncio permanece por alguns segundos até que Dimitri retoma a conversa: — Então...?
Augustus: — Reconheço que isso foi constrangedor.
Dimitri, aparentemente recomposto e sentindo-se seguro o suficiente para se permitir ser cínico: — Não se preocupe, esse será o menor dos seus arrependimentos. Pietro, Kabir, tragam-no a...
A frase é interrompida por um estremecedor estrondo que derruba Augustus das caixas, ao mesmo tempo que Kabir e Helenix são atingidos violentamente por pedaços de Isak projetados de fora da tenda.
— Este é o sinal! - geme Augustus por detrás das caixas, tentando se reerguer enquanto pondera se teria exagerado na pólvora colocada no canhão.